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Cérebro

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

*David Soares, um alquimista na minha estante


imagem de www.saidadeemergencia.com/

"...Existe a cultura da busca com esperança na tradição portuguesa. Ora, se é uma busca de esperança não é imediata, daí o nosso carácter indolente.Até é bom sê-lo, se for para gastar essas horas vagas no aperfeiçoamento do espírito.Todavia,tudo tem dois lados.Até uma simples moeda tem dois lados, não é verdade?A nossa indolência, a nossa espera, provoca-nos um sentimento de inutilidade que, aliado à esperança, se transforma num profundo desespero.

É o destino?

É a arte de viver do próprio país.A nossa alquimia! Vamos devagarinho é o que é.

Lisboa é que vai rebentando.

Sim, é verdade,mas devagarinho, devagarinho.Lisboa imunizou-se contra catarses desse género, Deus tentou acordar Lisboa com um grande terramoto e não conseguiu.

António Ribeiro riu e bateu com o cachimbo no balção.Pegou no livro e agarrou-o debaixo do braço.
Foi um prazer falar consigo, senhor Pessoa.Apertou-lhe a mão com força.A gente vê-se.

Sim, mas diga-me uma coisa:nasceu em Abril?

Como adivinhou?,disse espantado.

Calculei que fosse um nativo do signo de Carneiro.O sebastianismo é uma das minhas paixões, a astrologia é a outra.

Veja se adivinha o signo de Portugal, da mesma maneira que adivinhou o meu, e talvez descubra a origem da nossa indolência, como lhe chamou.

Já o fiz.Tudo o que lhe contei está escrito nas estrelas à superfície da vida.

E que pede às suas estrelas?

Dantes pedia-lhe que não me tirassem o sol, mas agora peço-lhes que não me tirem o sonho."
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Do romance
-A conspiração dos antepassados-
de David Soares
Editora: Saída de emergência
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(Este romance passará às telas do cinema? O futuro que o diga... )

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